1800
Muito antes de Caçador se tornar município, a região do Alto
Vale do Rio do Peixe era uma grande floresta de mata fechada. Os primeiros
habitantes, depois dos índios, chegaram no início do século XIX. Eram caboclos
oriundos da miscigenação de portugueses e espanhóis com os nativos Kaigang e
Xokleng.
Conhecidos como mateiros, esses caboclos viviam da própria
subsistência através da extração da erva-mate, pinhão e pequenas criações de
animais.
Caboclo
Enquanto isso, regiões vizinhas como Campos Novos e Nossa
Senhora dos Prazeres das Lages ao sul, e São João de Cima, Irani e Palmas ao
norte, viviam pleno desenvolvimento devido a sua geografia privilegiada para a
criação de gado e cultivo de grandes plantações, principais atividades
econômicas da época.
Localizada no meio dessas regiões de campos, Caçador acabou se
tornando rota de passagem de tropas que faziam o caminho Rio Grande do Sul - São
Paulo.
“Sendo o caminho principal de tropas Lages – Santa Cecília –
Mafra, onde atualmente é a BR 116, Campos Novos – Caçador – Palmas tornou-se uma
rota secundária. Como mostram antigos documentos, acredita-se que a região de
Caçador era um dos poucos lugares em que o Rio do Peixe permitia fácil passagem
das tropas. Segundo alguns mapas da época, esses pontos de travessia eram onde
hoje se encontra a Ponte de Madeira Antônio Bortolon e na Vila Kurtz”, destaca o
historiador Julio Corrente.
1850
Outra parte da população chegou depois de 1850, quando a Lei das
Terras viabilizou a instalação de pequenas e médias propriedades. Distante das
duas capitais, Florianópolis de um lado, e Curitiba do outro, a região teve
lento desenvolvimento. As vilas e fazendas eram ligadas por estradas abertas
pelos tropeiros na mata.
Francisco Corrêa de Mello
Em 1881, o município de Campos Novos se dá conta da importância
dessa região e incentiva Francisco Corrêa de Mello a garantir as posses das
terras devolutas do Alto Vale do Rio do Peixe. Uma das particularidades a ser
levada em consideração é que, neste mesmo ano, essas terras passam do domínio de
Curitibanos para o de Campos Novos. Juntamente com a esposa e 10 filhos, Corrêa
de Mello funda a Fazenda Faxinal do Bom Sucesso.
“Registros mostram que a sede inicial da fazenda era onde hoje
se localiza a parte alta do Bairro Berger”, revela o professor Gerson
Witte.
Francisco Corrêa de Mello
Sem condições de promover o desenvolvimento da região, por ser
uma mata fechada, Corrêa de Mello passa a viver da própria subsistência, mais
precisamente da caça, com o objetivo apenas de manter a posse das
terras.
Em 1887 Pedro Ribeiro e, em 1891, Tomaz Gonçalves Padilha,
vieram pra região. Este último era cunhado de Corrêa de Mello e se estabeleceu
na região onde hoje é o Distrito de Taquara Verde.
Estrada de Ferro
Em 1907 a Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande do Sul começa
a ser construída em território catarinense. Margeando o Rio do Peixe, os trilhos
chegam à Fazenda Faxinal do Bom Sucesso onde se fez necessária a construção de
uma ponte para a passagem do trem sobre o rio que naquela época chamava-se Rio
Lajeado do Simeão.
Ponte de ferro 1909
Uma particularidade a ser observada é que justamente nesta parte
da história pode ter surgido o nome “Caçador”. Embora não se tenha nenhum
registro oficial, acredita-se que a construção da ponte sobre o Rio Lajeado
Simeão trouxe inúmeros engenheiros e operários para a região, encontrando aqui o
dono das terras, Corrêa de Mello.
Exímio caçador de pacas, antas e veados, ele passou a vender a
carne e pele dos animais para os trabalhadores da ponte, sendo que o local ficou
conhecido popularmente como o “Rio do Caçador”. Posteriormente foi inaugurada a
Estação Ferroviária que levou o nome de “Estação Rio Caçador”.
Década 10 – Estação Ferroviária de Rio Caçador
Com a inauguração em 5 de maio de 1910 da Estação Ferroviária de
“Rio Caçador”, começam a chegar os primeiros imigrantes, a maioria descendente
de italianos e alemães vindos do Rio Grande do Sul em busca de terras férteis e
baratas. Porém, o processo de colonização é de certa forma interrompido pela
ocorrência da Guerra do Contestado (1912 – 1916).
Após esse período de conflitos, outros colonizadores de origem
européia foram estabelecendo ao longo dos trilhos na então Vila de Rio Caçador
como poloneses, ucranianos, espanhóis e portugueses. Do oriente médio vieram os
sírio-libaneses. Em 1918, instalou-se a primeira agência postal e no mesmo ano a
primeira serraria Tortatto-Gioppo.
Década de 20 – Colonização
Na década de 20 mais imigrantes chegam à próspera Vila Rio
Caçador que tem na estrada de ferro seu principal atrativo. Na economia surgem
as primeiras serrarias que se instalam nas proximidades dos trilhos e passam a
explorar a madeira nativa encontrada em abundância na região.
No campo os agricultores começam a desenvolver plantações de
trigo e uva. Em 1923 a localidade é elevada à condição de Distrito pertencente
ao município de Campos Novos, através da lei municipal n° 289, de 9 de
janeiro.
1924 – Ponte de Madeira
Em 1924 é construída a Ponte Coberta de Madeira sobre o Rio do
Peixe ligando o Distrito de Rio Caçador com o Distrito de Santelmo, este último
pertencente ao Estado do Paraná, mais precisamente ao município de Porto União
da Vitória.
Iniciativa do empresário Antônio Bortolon, auxiliado pelas
famílias Sorgatto, Ferreira e Bento, a Ponte de Madeira foi de fundamental
importância para o desenvolvimento de Caçador, pois a união entre os dois
distritos formou uma mesma cultura entre os moradores, fato que posteriormente
contribuiu para a formação de um único município.
Com todo esse progresso os dois lados passam a se desenvolver
paralelamente. Há o interesse na venda de terras e os primeiros lotes
comercializados são no Santelmo. “Este fato pode ser observado até hoje, pois
neste lado se encontram os bairros mais antigos da cidade como Bairro dos
Municípios e Sorgatto. Até mesmo a presença de agricultores de origem italiana é
quase que predominante na margem direita do Rio do Peixe”, comenta
Corrente.
Já no lado Rio Caçador, onde atualmente é o Centro da cidade,
Francisco Corrêa de Mello divide as suas terras em lotes e passa a negociá-las
principalmente para serrarias e comerciantes. Até hoje se percebe que a grande
maioria desses estabelecimentos está localizada na margem esquerda do Rio do
Peixe.
Em 1928, o distrito de Santelmo torna-se território catarinense
quando passa a pertencer a Porto União.
A partir daí muitos estabelecimentos comerciais se instalaram na
Rua José Boiteux e no Santelmo.
1928 - Colégio Aurora
Em 1928 o casal Dante e Albina Mosconi funda no Santelmo o
Colégio Aurora, outro marco de extrema importância para a colonização e
desenvolvimento de Caçador. O método de educação do Colégio Aurora era
referência em todo o Estado, sendo que famílias de todas as regiões traziam seus
filhos para estudar aqui.
A década de 20 termina com mais dois grandes marcos. Atílio
Faoro constrói a 1ª Usina Hidrelétrica em Caçador em 1929, e no mesmo ano é
fundado o Tiro de Guerra.
Década de 30 – Emancipação
Para vencer a resistência de Campos Novos pela independência,
Caçador em 1932 passa a pertencer ao município de Curitibanos, para dois anos
depois, conquistar a emancipação política-administrativa. Em 22 de fevereiro de
1934, foi criado o município de Caçador, através do decreto estadual n° 508, que
diz:
Fica criado o município de Caçador e o território constituído
dos distritos de: Santelmo, Taquara Verde e parte de São João dos Pobres,
desmembrados de Porto União; Rio Caçador, de Curitibanos; Rio das Antas, de
Campos Novos e São Bento, de Cruzeiro.
Artigo dois: A sede do novo Município será constituída pelos
povoados de Rio Caçador e Santelmo, que se denominará “Caçador”.
Em 25 de março de 1934, o primeiro prefeito, Leônidas Coelho de
Souza, é empossado, sendo então, realmente estabelecido o município de Caçador.
Antes disso, em 1933, faleceu Francisco Corrêa de Mello com 110 anos, deixando 12 filhos, 96 netos e mais de 200 bisnetos.
Antes disso, em 1933, faleceu Francisco Corrêa de Mello com 110 anos, deixando 12 filhos, 96 netos e mais de 200 bisnetos.
Com a emancipação, Caçador começa a criar condições que implica
na chegada de mais colonos e indústrias. Instituições como comarca, cartório,
delegacia, prefeitura e bancos dão uma estrutura para o município que começa a
crescer com a criação da Escola Estadual Paulo Schieffler em 29 de maio de 1934.
Em 5 de novembro do mesmo ano, Caçador passa a ser sede da comarca.
Em 1935, iniciam as instalações da Paróquia São Francisco de
Assis e do Instituto do Trigo (Atual EPAGRI). Já em 1939 surge o Jornal A
Imprensa.
Na área da Saúde, foram criados os hospitais São Luiz, em 1935,
e São Francisco em 1938.
Hospital São Francisco
Descoberto petróleo em Caçador, no distrito de Taquara Verde,
por Solon Coelho de Souza.
Instalação do Colégio Nossa Senhora Aparecida pela congregação
das Irmãs de São Jose;
Polêmica com o nome
Um fato curioso no início da década de 40, narrado por Domingos
Paganelli, foi que uma Lei Federal da época, dizia que, não poderia existir dois
nomes iguais para municípios brasileiros, sendo que o nome Caçador já existia em
um município do estado de São Paulo. Segundo a Lei, o município mais velho
ficaria com o nome, sendo então cogitada a mudança do nome de Caçador, em Santa
Catarina.
A sugestão para uma nova nomenclatura veio de Manoel Siqueira
Bello. Caçanjurê seria o nome do município. Domingos Paganelli sugeriu que fosse
consultado o departamento de Geografia e Estatística do Governo Federal, a fim
de comprovar que o nome estava vinculado à criação da estação ferroviária Rio
Caçador, inaugurada em 1910. Assim feito, foi comprovado que Caçador, em Santa
Catarina, tinha o nome há mais tempo, fato que estabeleceu definitivamente o
nome.
Década de 40 – Capital Brasileira da Madeira
Na década de 40 o setor madeireiro torna-se a marca de Caçador
para o mundo, que fica conhecido como o maior produtor de pinho da América do
Sul, e a Capital Brasileira da Madeira. Calcula-se que nesta década foram mais
de 4,5 milhões de pinheiros serrados sendo 70 mil dúzias de tábuas por
mês.
Outro reconhecimento alcançado por Caçador foi o de maior
produtor de vinhos de Santa Catarina, título que durou até 1944 quando Caçador
cedeu os distritos de Vitória e São Luiz para a criação do município de
Videira.
No entanto, conseqüências indiretas da 2ª Guerra Mundial (1939 –
1945) impedem um progresso maior em questão de infra-estrutura no município de
Caçador, que viria a ter seu auge de desenvolvimento na década seguinte.
Outros acontecimentos importantes da década:
1941 – Criação da ACIC – Associação Comercial e Industrial de Caçador;
1944 – Construção da nova Estação Ferroviária em Alvenaria;
1941 – Criação da ACIC – Associação Comercial e Industrial de Caçador;
1944 – Construção da nova Estação Ferroviária em Alvenaria;
1947 – A primeira Igreja Evangélica “Assembléia de Deus” é
inaugurada em Caçador pelo pastor Sr. Inocêncio Marchiori;
1947 – Inaugurado o primeiro cinema em Caçador;
1948 – Inauguração Rádio Caçanjurê.
1947 – Inaugurado o primeiro cinema em Caçador;
1948 – Inauguração Rádio Caçanjurê.
Década de 50 – Desenvolvimento
Os anos 50 foram mais expressivos para o desenvolvimento de
Caçador, que ainda recebe varias famílias vindas de diversos lugares. Na
agricultura a produção de trigo e uva, facilmente escoada pela estrada de ferro,
atinge seu auge e começa a gerar lucro bastante significativo. O ramo madeireiro
continua predominante com cerca de 200 serrarias existentes na cidade nesta
época. A maioria da madeira utilizada na construção de Brasília, entre 1957 e
1960, é proveniente de Caçador.
A Catedral São Francisco de Assis é inaugurada em 1959, depois
de 20 anos de construção. São implantadas três agências bancárias, Banco
Nacional do Comércio, Banco da Indústria e Comércio de Santa Catarina S/A e
Banco Meridional da Produção S/A. A população, de pouco mais de 15 mil
habitantes, já tinha a sua disposição uma agência dos Correios e as principais
ruas da cidade estavam sendo calçadas.
Outros acontecimentos importantes da década
1953 - Criado o distrito de Macieira;
1957 - Inaugurado em dezembro o Hospital de Caridade e Maternidade Jonas Ramos;
1958 - Caçador cede os distritos Rio das Antas e Ipoméia para o município de Rio das Antas
1953 - Criado o distrito de Macieira;
1957 - Inaugurado em dezembro o Hospital de Caridade e Maternidade Jonas Ramos;
1958 - Caçador cede os distritos Rio das Antas e Ipoméia para o município de Rio das Antas
Década de 60 – Crise na madeira
Na década de 60 os madeireiros perceberam que a reserva natural
da floresta de pinhais no município estava esgotando-se e que não tardaria muito
para a crise do ramo madeireiro. A partir daí algumas indústrias despontam em
outros ramos de mercado, como couro e metal mecânico.
A ponte da avenida que liga o Santelmo com o centro de Caçador é
inaugurada em 1960, mesmo ano da inauguração do Aeroporto Municipal Carlos
Alberto da Costa Neves. Em 1964 Osvaldo Olsen fabrica o primeiro trator
genuinamente brasileiro, acelerando assim, o desenvolvimento na área de
máquinas.
1964 - Inaugurada as novas instalações do Colégio Marista
Aurora;
1968 - Caçador fica como sede diocesana. Seu primeiro bispo foi Octacílio Dotti, (D. Orlando Dotti);
1967 – Inaugurada a Praça Nossa Senhora Aparecida;
1968 - Caçador fica como sede diocesana. Seu primeiro bispo foi Octacílio Dotti, (D. Orlando Dotti);
1967 – Inaugurada a Praça Nossa Senhora Aparecida;
1968 - Dia 6 setembro é inaugurado pelo prefeito Jucy Varella
prédio próprio da Prefeitura;
Década de 70 – Alternativas
Na década de 70 a crise do ramo madeireiro foi sentida e a
floresta de araucárias não era mais abundante. Com a devastação em todo
território do município, muitas serrarias aos poucos foram falindo.
Outras começaram a investir no reflorestamento de pinus mesmo
que ainda este tipo de árvore fosse desacreditada pela maioria por ser uma
madeira “fraca”. O primeiro neste processo é Primo Tedesco que mais tarde
recebeu o título de comendador da árvore.
A Indústria Sulbrasileira de Calçados S/A (Sulca) é fundada em
1975, pelo grupo Berger e ajuda no crescimento econômico da cidade. Já em 1971,
é inaugurada a Fundação Educacional do Alto Vale do Rio do Peixe (FEARPE),
passando para Universidade do Contestado e agora, a atual Universidade Alto Vale
do Rio do Peixe (UNIARP), tornando-se um marco para a educação superior em
Caçador.
Em 1976, inicia a construção do hospital Maicé e em 1978, os
Jogos Abertos de Santa Catarina são realizados em Caçador.
Década de 80 - Mais alternativas (Pinus e Tomate)
No início desta década, a empresa Sulca estava no auge de sua
produção e gerava em torno de 3.500 empregos diretos e indiretos. Inúmeros
ateliês surgiram na cidade e em municípios vizinhos. “A Sulca iniciou sua
decadência em 1988 porque teve problemas administrativos e não soube acompanhar
a política e mercado mundial, vindo a fechar as portas em 1991 e causando um
desemprego em massa no município”, declara Júlio Corrente.
No ramo madeireiro, com leis ambientais mais exigentes o Ibama
passa a fiscalizar as serrarias. O reflorestamento do pinus foi a solução
encontrada vindo a cobrir esta lacuna e tornado-se a salvação de algumas
madeireiras que absorvem o reflorestamento.
Com o início do corte das áreas reflorestadas as indústrias
começam a beneficiar a madeira produzindo móveis, papel e papelão.
Enchente
No ano de 1983, ocorre o maior dos desastres naturais em
Caçador. A enchente afeta várias famílias e deixa a Cidade isolada por algum
tempo. Pontes foram carregadas, inclusive a Ponte Coberta de Madeira,, que foi
reconstruída em 1985.
Tomate
Com a chegada dos japoneses na década de 70, a técnica da
produção do tomate – também produziam pêssego, ameixa e flores - foi assimilado
pelos agricultores locais. A partir da década de 80 o tomate passa a fazer parte
significativa da economia de Caçador chegando a ser o maior produtor do Sul do
Brasil.
Outro setor em que Caçador se destaca nesta década é nos
transportes. O pouco investimento na malha ferroviária e a construção de trechos
de asfalto (Caçador – BR 116 em 1976, Caçador – BR 153 em 1983 e Caçador –
Videira em 1985) incentiva ainda mais a prestação de serviços de transporte e
destacam-se empresas como Reunidas e Transrodace.
Década de 90 – Exportação
Década de 90 – Exportação
Nos anos 90, a indústria tem um crescimento acelerado novamente,
sendo que as madeireiras passam a exportar mais, colocando Caçador com um dos
principais exportadores de Santa Catarina. Na agricultura o tomate passa a ser o
principal produto agrícola cultivado. Destaque para o setor de confecções e a
área plástica que começa a despontar, esta última impulsionada pela criação da
empresa Maxiplast em 1988.
O comércio também se fortalece e lojas de fora começam a se
instalar e investir em Caçador. “Na minha visão este foi um marco significativo
que além de aumentar a oferta de produtos, mudou o pensamento dos comerciantes
locais levando-os a investirem em novidades”, diz Corrente.
O trânsito passa por várias melhorias e novas indústrias de
pequeno e médio porte surgem. Um dos fatos negativos é a paralisação definitiva
do transporte ferroviário, deixando somente na memória, até hoje, trilhos
abandonados e peças no Museu do Contestado.
2000 – Novas Perspectivas
O ano 2000 começa com modificações profundas na economia
caçadorense. Muitas empresas começam a sua recuperação da enorme quebra que
atingiu todo o país. Somado a isso, beneficiam-se pela fragilidade da Argentina,
acometida por uma imensa crise, liberando o mercado exportador.
O tomate tem os seus altos e baixos, sendo que no início da
década, os produtores conseguem obter preços ótimos. Contraposto a isso, são
surpreendidos posteriormente com uma enorme produção de São Paulo e Goiás, o que
quebra muitos produtores.
Com a alta do dólar, as empresas são beneficiadas com as
exportações, principalmente da madeira, o que vem sendo diminuído com o tempo,
chegando a hoje, em 2008, com muitas indústrias dispensando funcionários pela
baixa da moeda americana.
Por outro lado, a abundância de matéria prima, como a madeira de
reflorestamentos, faz com que novas e grandes empresas demonstrem interesse em
se instalar em Caçador. Um exemplo é a indústria de compensados de madeira
Guararapes, que está com as obras adiantadas no recém criado Parque Industrial,
e deve começar a funcionar ainda em 2008.
Com os incentivos para se implantar pequenas empresas, começam a
surgir as micro, que geram diversos postos de empregos. Isso impulsiona ainda
mais a economia de Caçador, que chega, em 2004, a ser a 14ª economia do
Estado.
Com o aumento das compras, muitas lojas de grandes redes começam
a investir em Caçador. Depois da saída da Berlanda, que volta em 2007, o Ponto
Frio vem ser uma das primeiras a abrir as suas portas.
A maior de todas, a Casas Bahia, trabalha por pouco mais de um
ano em Caçador, mas fecha as suas portas por causa da inadimplência. Mesmo
assim, outras lojas importantes, como a Magazine Luiza e a já conhecida dos
caçadorenses, Pernambucanas, instalam-se aqui, oferecendo grandes oportunidades
de emprego e compras. A última instalação de peso foi da rede de supermercados
Super Pão.
Hoje, o crescimento da cidade é visível em todos os cantos, com
a construção civil em alta, o movimento intenso de pessoas e veículos. A
educação também foi sendo priorizada, com a instalação de novas escolas, a
criação da UNIARP e a vinda do Centro Federal de Ensino Tecnológico (Cefet), uma
das lutas das entidades caçadorenses.
No esporte, destaque para o time de futsal feminino que trouxe
diversas conquistas a nível nacional para Caçador. Além destes, o Caçador
Atlético Clube, que fez reavivar o futebol de campo no município e a importante
colaboração do Colégio Marcos Olsen na implantação das escolhinhas de
base.
Texto: Murilo Roso e Rafael Seidel
Colaboração: Júlio Corrente e Gerson Witte.
Fotos: Arquivo Municipal
Colaboração: Júlio Corrente e Gerson Witte.
Fotos: Arquivo Municipal
Guerra do Contestado
A disputa travada entre as províncias do Paraná e Santa
Catarina, pela área localizada no planalto meridional entre os rios do Peixe e
Peperiguaçu, estendendo-se aos territórios de Curitibanos e Campos Novos era
antiga, originada antes mesmo da criação da província do Paraná, em 1853,
permanecendo em litígio até o período republicano.
Em 1855, o governo da província do Paraná desenvolvia tese de
que a sua jurisdição se estendia por todo o planalto meridional. Daí em diante,
uma luta incessante vai ter lugar no Parlamento do Império, onde os
representantes de ambas as províncias propunham soluções, sem chegar a fórmulas
conciliatórias.
Depois de vários acontecimentos que protelaram as decisões -
como a abertura da "Estrada da Serra" e também a disputa entre Brasil e
Argentina pelos "Campos de Palmas" ou "Misiones" - o Estado de Santa Catarina,
em 1904, teve ganho de causa, embora o Paraná se recusasse a cumprir a
sentença.
Houve novo recurso e, em 1909, nova decisão favorável a Santa
Catarina, quando, mais uma vez, o Paraná contesta. Em 1910, o Supremo Tribunal
dá ganho de causa a Santa Catarina.
A Guerra do Contestado e as operações militares
A região contestada era povoada por "posseiros" que, sem
oportunidade de ascensão social ou econômica, como peões ou agregados das
grandes fazendas, tomavam, como alternativa, a procura de paragens para tentar
nova vida.
Ao lado desses elementos sem maior cultura - mas
fundamentalmente religiosos, subordinados a um cristianismo ortodoxo - vão se
congregar outros elementos como os operários da construção da Estrada de Ferro
São Paulo-Rio Grande, ao longo do vale do rio do Peixe.
Junto a esta população marginalizada, destaca-se a atuação dos
chamados "monges", dentre os quais o primeiro identificado chamava-se João Maria
de Agostoni, de nacionalidade italiana, que transitou pelas regiões do Rio Negro
e Lages, desaparecendo após a Proclamação da República.
Após 1893, consta o aparecimento de um segundo João Maria, entre
os rios Iguaçu e Uruguai. Em 1987, surge outro monge, no município de Lages. Em
1912, em Campos Novos, surge o monge José Maria, ex-soldado do Exército, Miguel
Lucena de Boaventura, que não aceitava os problemas sociais que atingiam a
população sertaneja do planalto.
O agrupamento que começou a se formar em torno do monge,
composto principalmente de caboclos saídos de Curitibanos, se instala nos Campos
do Irani. Esta área, sob o controle do Paraná, teme os "invasores catarinenses"
e mobiliza o seu Regimento de Segurança, pois esta invasão ocorre, justamente,
naquele momento de litígio entre os dois Estados.
Em novembro de 1912, o acampamento de Irani é atacado pela força
policial paranaense e trava-se sangrento combate, com a perda de muitos homens e
de grande quantidade de material bélico do Paraná, o que fez desencadear novos
confrontos, além do agravamento das relações entre Paraná e Santa
Catarina.
Os caboclos vão formar, pela segunda vez, em dezembro de 1913,
uma concentração em Taquaruçu, que se tornou a "Cidade Santa", com grande
religiosidade e, na qual, os caboclos tratavam-se como "irmãos". Neste mesmo
ano, tropas do Exército e da Força Policial de Santa Catarina atacam Taquaruçu,
mas são expulsas, deixando, ali, grande parte do armamento.
Após a morte de outro líder, Praxedes Gomes Damasceno, antigo
seguidor do monge José Maria, os caboclos se encontram enfraquecidos. No segundo
ataque, Taquaruçu era um reduto com grande predomínio de mulheres e crianças,
sendo a povoação arrasada.
Outros povoados, ainda, como Perdizes Grandes, seriam formados e
diversos outros combates, principalmente sob a forma de guerrilhas, se travariam
até que o conflito na região realmente terminasse.
Fonte: Governo de Santa Catarina
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